Papa Léguas

"Tudo o que se refere ao homem é dotado de contingência"... Vidal de La Blache (geógrafo)

31.5.05

Qual a alternativa?

Qual a alternativa que a construção europeia tem em relação à Constituição? Poderemos viver eternamente com tratados dispersos, comprometimento apenas económico? Não merecemos uma europa dos cidadãos em vez de uma europa das nações?
Vamos colocar um empasse gravíssimo à bela comunidade de estados que estamos a construir e que pode servir de exemplo para outras regiões do planeta? Ou vamos à procura da demagogia? Esta é a Constituição do comprometimento possível à data e, como temos observado durante a história das Comunidades, vai certamente ser melhorada.
Chumbar a Constituição é chumbar mais um passo (e que grande passo) em frente no comprometimento das nações e dos cidadãos com o processo europeu.
Esperemos que amanhã a Holanda caia em si e não demonstre o autismo francês...

A campanha do "não"? Possivelmente... Jacobinos...

"Não" jacobino triunfa em França

Pois é. Confirma-se o que há uns tempos se falava. O "não" à Constituição europeia venceu o referendo em França com 10 pontos de diferença.

A França jacobinista, nacionalista e extremista ficou mais uma vez patenteada num resultado eleitoral, depois do sucesso repetido de Le Pen e da sua extrema-direita serôdia (desculpem o eufemismo) nas presidenciais e autárquicas. A divisão da esquerda, incluido a fractura do Partido Socialista, só reforça o que dizemos.
Além de nacionalista e xenófoba, a França deu um ar egocêntrico, ao misturar temática de política interna com o referendo europeu.
Finalmente, a estratégia de aprovação da Constituição deveria ter sido bem melhor delineada, com referendos parlamentares ou universais simultâneos na Europa. É que me parece que se pretendia um efeito dominó a começar em Espanha e França com a aprovação do "sim", mas que esta estratégia sofreu agora um duro revés. pois é, deveria ter-se pensado nisto antes.
Esperemos que este resultado sirva de lição a quem compete defender a prossecução do projecto europeu e aos partidários do "sim". E que o processo, a ter tido início, não pare. A França pode ser um importante motor da construção europeia, mas a europa tem mais com os quais chegar a bom porto.

23.5.05

BENFICA CAMPEÃO

Esta noite lá peguei no meu velho cachecol de Benfica Campeão 1993/94... E felizmente agora tenho de comprar um novo!

Já nem me lembrava... ah, e a taça também vai cá morar...

Agora é só esperar pela retoma.

20.5.05

Petição obscurantista contra a educação sexual...

Os retrógados e reaccionários do "Forum da Família" colocaram uma petição, sob a designação "petição sobre programa de educação sexual nas escolas", que basicamente pretende evitar, mais uma vez, que o Estado assuma a sua responsabilidade de saúde pública e a saúde sexual dos jovens.
Pretenderão estes que se mantenham as condições actuais tão propícias à proliferação das DST (doenças sexualmente transmissíveis) e à gravidez indesejada? É que não me parece, pura e simplesmente, que os pais portugueses estajam preparados para ministrar educação sexual aos filhos.
Por estranho que pareça (ou talvez não) são também estes que se apresentam contra a liberalização do aborto...
Quanto a mim, já expressei a minha opinião acerca da IVG (interrupção voluntária da gravidez) no post "Governo. Legitimidade. Women on Waves." que pode sr encontrado em http://opapaleguas.blogspot.com/2004_08_01_opapaleguas_archive.html

As alarvidades da petição podem ser consultadas na página da petição ---> http://www.forumdafamilia.com/peticao/peticao.asp

19.5.05

À terceira será de vez?

Pela segunda vez no espaço de um ano, uma equipa portuguesa a jogar a final de uma competição europeia de futebol perde em casa a taça para o visitante... Final inglório para os sportinguistas, para quem vai o meu abraço benfiquista.

E à terceira, será de vez?

crepúsculo

"Que non me oculte a mesta páxina de bruma
que paso agora para entrar nos capítulos doentes,
e a hedra das miñas brazadas me permita nadar en seco,
e as silvas do mar aplaquen a súa furia de crepúsculo.


Que poida seguir sendo, con el, soedade na terra,
auga inmensa con lindes de pálpebras pechadas,
ouvido dun errante corazón atónito que me busque
nas miñas levaduras, no candente ecuador do seu crepúsculo.


A hora avanza, e ninguén quere verse en voo rasante,
ninguén quere quebrarse como anduriña,
sentir máis dor que a súa, máis desgracia que a que se colma
nos vellos alxibes da súa alma en crepúsculo.


Ninguén sospeita que na alzada dun soño ousado
van tamén deseñadas a ruína e a maleza,
que está a mirar, inerte, p'ra a extinción do que se prolonga
-asno, fareiro-, do que se espella no crepúsculo.


Soño diurno, avenidas, motores que abrouxan, esa
solemne deflagración dun paxaro mecánico
non pesan tanto como o brillo nos ollos do animal,
os lampos do sacrificio, o seu berro contra o crepúsculo.


E tempo de acabar canto antes, de non prolongar
esta historia tediosa de especie que non descansa,
estas herbas que se devoran no seu propio pracer,
este vento ansioso que tingue as árbores de crepúsculo.


Que non me oculte, que non me oculte unha voz tan alta,
tan irrisoria. Calarei
na neve do que dorme, no fulgor
que verte dun vaso loiro, espumante,
nas sucias terrazas adolescentes
que a noite afaga."

Xavier Rodríguez Baixeras, in "Nadador", ed. Espiral Maior, 1995

18.5.05

Galaico-português: há que preservar

Já tinha conhecimento desde há anos da contenda cultural que se trava para lá do Minho entre aqueles que defendem a independência galega e aqueles que esperam uma fusão completa com a restante Espanha. Porém ontem, e por mero acaso, deparei-me com um site ( http://www.agal-gz.org/ ) que pugna por proteger a cultura galaico-portuguesa. Ao que investiguei depois, não é a única e quase todas agradecem a Portugal por ter sabido e conseguido proteger e expandir uma língua que, pese embora pequeníssimas variantes, é a mesma.
Deste lado da fronteira deveríamos ter mais consideração pelos que têm a mesma origem linguística (e cultural) e ajudá-los a conseguir a plena cidadania cultural galega, seja em território espanhol ou independente. Temos essa obrigação. Não podemos pensar que a nossa língua é apenas falada em Portugal e ex-colónias.
Espanha pratica na Galiza o mesmo que pratica em todo o restante território, e que é a eliminação sistemática das diversas línguas e expanção do castelhano como língua "superior". Pelo menos até ao fim da ditadura fe-lo.
Portugal e a Galiza tiveram a mesma génese territorial e linguístuca, diversa da leonesa e asturiana, o que diferencia linguisticamente todo o ocidente peninsular e permitiu a Portugal a manutenção da independência mas que foi fatal à Galiza.
Por minha parte, vou agora prestar mais atenção aos autores galegos, que nos abre as portas para além deste rectângulo e das "ex-colónias" de "além-mar". E tentar ajudar no que me for possível na causa galega.